Mohamedou vive com a sua família e trabalha como engenheiro eletrotécnico em Nouakchott, na Mauritânia.
Depois de passar doze anos a estudar, viver e trabalhar no estrangeiro, sobretudo na Alemanha e, por um breve período, no Canadá, Mohamedou Ould Slahi decide regressar à Mauritânia, sua terra natal. Durante a viagem, é detido duas vezes a mando dos Estados Unidos da América — primeiro pela Polícia senegalesa e depois pelas autoridades mauritanas — e interrogado por agentes norte-americanos do FBI relativamente ao chamado Plano do Milénio para bombardear o aeroporto de Los Angeles. Chegando à conclusão de que não havia motivos para crer que ele estivesse implicado no plano, as autoridades libertam-no a 19 de fevereiro de 2000.
Mohamedou é detido e mantido na prisão pelas autoridades da Mauritânia durante duas semanas, e é novamente interrogado por agentes do FBI quanto ao Plano do Milénio. É de novo libertado, com as autoridades mauritanas a declararem publicamente a sua inocência.
Agentes da Polícia mauritana vão a casa de Mohamedou e pedem-lhe que os acompanhe para novo interrogatório. Ele obedece voluntariamente, indo no seu próprio carro para a esquadra de polícia.
Um avião de transporte de prisioneiros da CIA leva Mohamedou da Mauritânia para uma prisão em Amã, na Jordânia, onde é interrogado durante sete meses e meio pelos serviços secretos jordanos.
Outro avião de transporte de prisioneiros da CIA vai buscar Mohamedou a Amã; é despido, vendado, é-lhe posta uma fralda, grilhões são-lhe presos aos pés e é levado para a Base Aérea do Exército dos EUA em Bagram, no Afeganistão. Os acontecimentos relatados no Diário de Guantánamo começam com esta cena.
Após duas semanas de interrogatório em Bagram, Mohamedou é posto num transporte militar com outros 34 prisioneiros e segue por via aérea para Guantánamo. O grupo chega e o processo de entrada nas instalações dá-se a 5 de agosto de 2002.
Interrogadores do Exército dos EUA sujeitam Mohamedou a um «plano especial de interrogatório», pessoalmente aprovado por Donald Rumsfeld, secretário de Defesa. A tortura de Mohamedou inclui meses de isolamento extremo; uma série de humilhações físicas, psicológicas e sexuais; ameaças de morte; ameaças à sua família; e uma simulação de rapto e de transporte.
Mohamedou escreve à mão o seu pedido de habeas corpus.
Mohamedou manuscreve, na sua cela de isolamento, as páginas que se tornariam este livro.